Aquela noite, aos meus olhos..

Tinhas aparecido, como quem nunca aparece, despercebida, num olhar estranho mas inovador, prestes a inovar o meu..
Era num dia de sol, em que a luz, despertava o castanho dos teus olhos, como quem despertava o mundo ao amanhecer, num dia em que a esperança estava desaparecida para nunca mais voltar, em que num gesto, deste a volta ao meu mundo, fazendo tudo mais claro e gracioso.
Ouvia a tua respiração junto do meu ouvido, mesmo estando a metros de distância. Sussurravas suavemente o quanto gostavas de mim, e com a mão, seguravas a minha, como se nao houvesse o amanhã para nos vermos outra vez.
Mas nesse mesmo momento, olhas-me nos olhos, parecias conseguir ler as entrelinhas do meu ser, e lentamente, aproximas os meus lábios dos teus.
O mundo parece girar à nossa volta, e num abrir e fechar de olhos, a felicidade que parecia nunca mais voltar, aparece, agora, em forma de um simples e inocente beijo.
Felicidade essa.. que me mantem acordado à espera que algo parecido a isto aconteça.

Mas em vez disso,
- O Pedro come com as mãos num restaurante;
- O André come arroz com as mãos;
- Eu grito, dizendo tudo o que eles fazem de mal;
- O Pina é agredido;
- O Alexandre não sabe quem é que o vai levar a casa;
- O Pedro cospe arroz para cima de mim;
- Eu grito, chamando pela minha mãe;
- Eu grito, sem motivo;
- Eu grito, sem motivo;
- Eu grito, lembrando toda a gente que o Pedro come com as mãos e que cuspiu arroz pra cima de mim.

Mas no fundo.. eu sei que um dia isto vai acontecer..

Para : ( deixa-me inventar um nome, assim um nome ao calhas ) Ana